“Hoje em dia a arte precisa surpreender para ser arte. Numa época em que para o melhor ou o pior, tudo é posto em jogo a fim de explicar a arte para popularizá-la e vulgarizá-la, para nos fazer engoli-la como complemento normal da nossa vida quotidiana, os verdadeiros criadores sabem que o único modo de expressar a inevitabilidade da sua mensagem é através do extraordinário – do paroxismo, da magia, do extase total. É por isso que estas páginas não discutirão a estética ou as obras que só se relacionam com ela, já que hoje a estética é uma desculpa apenas para as pretensões da vaidade, um precário alibi para o exercício de talentos totalmente desnecessários.
Não pode haver questão, hoje, de uma arte para o prazer, qualquer que seja o significado trsnacendente, inclusive o estético, que se dê a essa palavra, por mais rebuscado que possa ser o significado. A arte é feita em outros lugares, fora dele, em outro plano daquela realidade que sentimos de maneira diferente: a arte é outro…
Na época actual, o caminho da arte se nos apresenta como o caminho da contemplação se apresentou a San Juan de la Cruz: íngreme e acidentado, despojado de qualquer satisfação acessória. Desde Nietzsche e o Dada, a arte surge, do princípio ao fim, como a mais inumana das aventuras…
Já não são os movimentos que nos interessam, mas os indivíduos autênticos – e cada vez mais raros… (…)o indivíduo autêntico não está aprisionado pelo seu passado, mas antes pelo seu vir-a-ser.”
in Teorias da Arte Moderna :: H.B. Chipp