“Uma realidade pronta, cuja ingénua destinação parece ter sido fixada de uma vez por todas (um guarda-chuva), encontrando-se subitamente na presença de uma outra realidade muito distante e não menos absurda(uma máquina de costura), num lugar onde ambas se devem sentir deslocadas (sobre uma mesa de dissecação), escapará por isso mesmo à sua destinação ingénua e à sua identidade; passará do seu falso absoluto, por uma série de valores relativos, para um absoluto novo, verdadeiro e poético: guarda-chuva e máquina de costura farão amor. A transmutação completa seguida de um acto puro como o do amor se produzirá forçosamente sempre que as condições se tornarem favoráveis pelos factos dados: “Uma realidade pronta, cuja ingénua destinação parece ter sido fixada de uma vez por todas (um guarda-chuva), encontrando-se subitamente na presença de uma outra realidade muito distante e não menos absurda (uma máquina de costura), num lugar onde ambas se devem sentir.”
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Teorias da Arte ModernaMax Ernst, “Qual é o mecanismo da colagem?, 1936